Conceitos Gerais e Histórico
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Recuperação de Áreas Degradadas
A degradação de uma área, independentemente da atividade implantada,
verifica-se quando: a) a vegetação e, por conseqüência, a fauna, são
destruídas, removidas ou expulsas; e b) a camada de solo fértil é perdida,
removida ou coberta, afetando a vazão e qualidade ambiental dos corpos
superficiais e/ou subterrâneos d’água. Quando isso ocorre, reflete-se na
alteração das características físicas, químicas e biológicas da área, afetando
seu potencial sócio-econômico. A recuperação se dá através da definição de um
plano que considere os aspectos ambientais, estéticos e sociais, de acordo com
a destinação que se pretende dar à área, permitindo um novo equilíbrio
ecológico.
Na década de 70, a preocupação das nações industrializadas com as
questões ambientais levou à convocação, pela ONU, da Reunião Mundial sobre o
Meio Ambiente Humano – a Estocolmo 1972 – da qual resultou uma declaração com
21 princípios voltados, basicamente, para o controle da poluição hídrica. Na
década de 80, a Conferência de Nairóbi – a Nairóbi 1982 –, convocada para uma
avaliação da situação e, principalmente, dos resultados da aplicação dos
princípios da anterior, concluiu que era necessário avançar no processo. Foram
selecionadas duas prioridades: a criação de unidades de conservação e a
recuperação de áreas degradadas.
Na década de 90, a Rio 92 – Conferência para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento centrou-se nas questões de interesse coletivo, como o efeito
estufa, a biodiversidade, e específicas, como a pobreza, a fome e a necessidade
de atingir-se um desenvolvimento sustentado para o qual era fundamental a
participação comunitária nas decisões de políticas de desenvolvimento. A Carta
do Rio, documento final da reunião, alinhou os 27 princípios sobre
desenvolvimento e meio ambiente. Em outras palavras, de uma posição meramente
controladora de danos ambientais partiu-se para uma posição conservacionista e
recuperadora e, finalmente, para uma proposição de políticas globais de apropriação
e uso dos recursos naturais.
Desde 1986, e de forma mais contundente na Constituição Federal editada
em outubro de 1988, toda atividade que produza danos ambientais deve arcar com
as medidas de mitigação dos impactos e de recuperação ambiental.
Atividades de Mineração
Mineração e degradação de áreas A degradação da área é inerente ao
processo de mineração. A intensidade desta degradação depende do volume, do
tipo de mineração e dos rejeitos produzidos. A recuperação destes estéreis e
rejeitos deve ser considerada como parte do processo de mineração. Esta
recuperação resulta numa paisagem estável, em que: a poluição do ar e da água é
minimizada, a terra volta a ser auto-suficiente e produtiva, o habitat da fauna
é restabelecido, e uma paisagem esteticamente agradável é estabelecida. A ação
de recuperação, cuja intensidade depende do grau de interferência havida na
área, pode ser realizada através de métodos edáficos (medidas de sistematização
de terreno) e vegetativos (restabelecimento da cobertura vegetal). Em essência,
é imprescindível que o processo de revegetação receba o mesmo nível de
importância dado à obtenção do bem mineral.
Os possíveis níveis de recuperação de uma área podem se dividir em:
a) Nível básico - prevenção de efeitos maléficos para a área ao redor do
local, porém sem medidas para recuperação do local que foi minerado.
b) Nível parcial - recuperação da área a ponto de habilitá-la para algum
uso, mas deixando-a ainda bastante modificada em relação a seu estado original.
c) Recuperação completa - restauração das condições originais do local
(especialmente topografia e vegetação).
d) Recuperação que supera o estado original da paisagem antes da
mineração. Em certos casos, o empenho em recuperar uma área já minerada resulta
em melhoramento da estética do local em relação ao estado original.
Alguns dos principais problemas constatados na exploração mineral são :
assoreamento dos leitos dos rios por material de capeamento (solo vegetal e
solo residual) e por rejeitos da mineração. Utilização de monitores hidráulicos
para efetuar desmonte da cobertura do solo, carreando volumes enormes de lama
para cursos de água, causando turbidez elevada a juzante das trabalhosas matas
ciliares não protegidas dentro do que determina a legislação, e não raro utilizam
estas áreas como bota-fora dos rejeitos ou estéreis. Desprezo da terra fértil,
quando da limpeza de uma nova frente de trabalho. Águas perenes e pluviais
espraiando-se pelo pátio de obras. Falta de um lugar definido como local de
botafora dos rejeitos.
Descaracterização do relevo, pondo em risco sítios de beleza, inibindo o
fluxo turístico. A não recuperação das áreas mineradas de forma generalizada,
inclusive de lavras já abandonadas.
Etapas da recuperação As etapas de recuperação envolvem:
1.Pré– planejamento O pré-planejamento é essencial em recuperação, pois
permite a identificação de área problemática antes que apareça. O
pré-planejamento pode assumir várias formas, e uma legislação recente exige o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) e o
Plano de Recuperação.
Os estudos descrevem as condições ambientais antes de se iniciarem as
atividades, sendo a base para determinação de impactos e da recuperação.
Deverão ser identificadas durante estes estudos as áreas de referência ou as
que não serão alteradas durante a mineração e que poderão ser usadas para
orientar o recobrimento vegetal, com fontes de sementes, etc. O Relatório de
Impacto Ambiental identifica e, dentro do possível, quantifica todos os
impactos associados com a mineração e atividades relacionadas, tais como a
efetivação de medidas mitigatórias.
Os dois documentos acima citados são utilizados para preparar o plano de
recuperação. Este plano deve conter uma orientação, passo a passo, para os
procedimentos que serão empregados para recuperar todas as áreas degradadas
pela mineração e atividades correlatas.
2.Estabelecimento de objetivos a curto e a longo prazo
Os objetivos de recuperação são uma parte muito importante do processo
de planejamento e devem ser explicitamente declarados no plano de recuperação,
pois definem o produto que deve ser obtido. O processo inteiro de recuperação
deve ser direcionado para dar suporte à realização deste objetivo.
.Remoção da cobertura vegetal e lavra 3 O revestimento vegetal do local
minerado pode corrigir ou diminuir, substancialmente, os impactos provocados
pela mineração sobre os recursos hídricos, edáficos e visuais da área.
Normalmente, a vegetação existente no início da mineração é eliminada no começo
das atividades.
Seguem-se alguns procedimentos para remoção da vegetação e das lavras:
Retirar qualquer material com valor comercial, como a madeira, para depois
remover completamente a cobertura vegetal. Remover completamente todo solo
orgânico.
Remover o solo estéril e o minério. A deposição de solo estéril ocorre
ao mesmo tempo em que ocorre a escavação. Esta fase é decisiva para a
recuperação, pois a futura paisagem estará sendo definida. Sempre que possível,
o estéril deve ser depositado na mesma seqüência que foi retirado - isto vai
garantir que o melhor material esteja depositado na superfície.
4.Obras de engenharia na recuperação
Do ponto de vista ecológico, o controle de taludes e de água parece ser
um fator importante para alcançar a estabilidade de áreas mineradas. Em
situações de mineração nos trópicos, a água parece ser o fator que mais cria
instabilidade. Isto se manifesta através de deslizamentos de superfície e
transporte de partículas ou movimentos de massa dos depósitos estéreis, em
virtude da saturação e/ou das condições lubrificantes da água, causando
sedimentação nos cursos de águas. As técnicas para controle da sedimentação nos
cursos de água, controle de taludes e águas são as seguintes:
Instalar represas ou escavações de lagoas para facilitar a deposição do
sedimento proveniente das lavras, antes que este se deposite nos córregos ou
rios. Caso já ocorra problema de assoreamento, deve-se remover do leito
natural, o entulho já depositado, o que envolverá catação de grandes blocos de
limpeza com retroescavadeira de material granulado. O trabalho de desmonte
hidráulico é inadmissível sem prévia decantação em barreiras adequadamente
dimensionadas e construídas, segundo diversas tecnologias disponíveis. O mais
adequado é a construção de barragens com estéril e rejeitos provenientes da
frente de lavra.
Modificar o mínimo possívelda área durante a mineração. As áreas já
conturbadas devem ser recuperadas progressivamente, sem esperar seu abandono
após a mineração. A área minerada deve ficar exposta o mínimo de tempo
possível.
Implantar, progressivamente, os trabalhos de gradagem e revestimento,
colocando, pelo menos, vegetação temporária ou cobertura morta por cima da
área, se houver demora no estabelecimento da vegetação permanente. Nos últimos
anos foi desenvolvida uma nova técnica de gradagem com aparelhos que sulcam e
alisam o terreno simultaneamente (furrow-grading).
Evitar a colocação dos restos das escavações nos cursos de água.
Evitar a modificação do leito original dos cursos de água; quando as
estradas de acesso passarem por cima ou acima dos cursos d'água, as pontes ou
outras obras devem ser construídas de modo que a drenagem não atinja o curso de
água que está abaixo. Também se deve evitar que os cursos de água sejam
poluídos durante a construção da ponte ou a instalação de canalização. Todo
estéril deve ser depositado de maneira controlada, envolvendo uma camada
drenante na base da pilha, algum tipo de drenagem interna, uma base
estabilizada de rocha, bancadas que drenem de fora para dentro e para as laterais
do depósito.
A construção de terraços também é reconhecida como uma prática viável
para recuperação de áreas que sofreram mineração. (A formação de terraços
aumenta a estabilidade e favorece a recuperação. A largura dos terraços varia
de 3 a 15m, com uma média de 10m. A distância vertical varia de 8 a 20m,
deve-se evitar o alto grau de declividade entre os terraços).
Construir terraços ou banquetas com solo compactado e coberto com
vegetação vigorosa ao pé das escavações da mineração. Estes terraços diminuirão
a velocidade da enxurrada e receberão seus depósitos de sedimentação antes que
estes atinjam o curso de água.
5. Manejo de solo orgânico
A mineração de superfície exige a retirada da vegetação e da capa
superior do solo existente sobre o minério. Esta capa enriquecida com material
orgânico é deslocada para qualquer posição, o que, muitas vezes, favorece sua
perda. O ideal para armazenagem de solo orgânico é removê-lo e armazená-lo
misturado com a vegetação do mesmo local, convertida mecanicamente em cobertura
morta. O solo pode ser amontoado em camadas de terra de até 1,5 metros de
altura e de 3 a 4m de largura, com qualquer comprimento. O solo armazenado deve
ser protegido dos raios solares com cobertura de palha. Antes da reposição do
solo orgânico que tinha sido armazenado, a superfície do depósito de estéril a
ser recuperado deverá ser escarificada em curvas de nível a uma profundidade de
pelo menos 1 metro, para atenuar a compactação. Depois da aplicação do solo
orgânico, a escavação deverá ser repetida. Para o cultivo de gramíneas,
recomenda-se que esses solos sejam espalhados numa capa de 5 a 8 cm. Para
plantio de árvores ou arbustos, a profundidade deve ser superior a 30 cm.
6.Preparação do local para plantio
É essencial que se conheçam as características químicas do material que
será o meio de crescimento e o como isso afeta o crescimento das plantas. O
fertilizante mais usado nas minas é o composto de nitrogênio-fósforo-potássio
(NPK). Usa-se também uma rocha fosfáltica, especialmente no plantio de espécies
arbóreas. Este fertilizante tem uma solubilidade lenta, é usado para garantir
um suplemento de fósforo a longo prazo.
Outro corretivo agrícola utilizado em problemas edáficos provenientes de
alta acidez é o calcário. O tratamento dos solos com cinzas industriais pode
corrigir, pelo menos parcialmente, a acidez dos solos minerados. O uso de
resíduos de esgoto sanitário, aplicação de cavacos de madeira dura, esterco,
bagaço de cana, serragem e outros materiais também são medidas potenciais para
a redução da acidez do solo.
Com a escarificação profunda, os corretivos deverão ser incorporados com
o uso de máquinas que se movimentem ao longo das curvas de nível. A superfície
final deverá ser áspera, tanto para interromper o escoamento das águas pluviais
como para criar micro-habitats para germinação de sementes. Recomenda-se que
toda gama de corretivos de solo seja investigada e aplicada em uma base
quantitativa, de acordo com as necessidades pré-determinadas. Deve-se dar maior
ênfase ao uso de corretivos orgânicos, especialmente ao uso de produtos
residuais orgânicos da vizinhança. Afinidades microbiológicas devem ser
investigadas, começando com micorrizas e progredindo para a comunidade geral de
decompositores. Deve-se dar maior ênfase à criação de diversidade dentro do
habitat da recuperação.
7.Seleção de espécies de plantas
A escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradadas
deve ter como ponto de partida estudos da composição florística da vegetação
remanescente da região. As espécies pioneiras e secundárias iniciais deverão
ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies. Pode-se buscar três
opções que poderão ser utilizadas isoladamente ou em conjunto:
a) Utilização de espécies florestais para aplicação no modelo de
sucessão secundária. b) Espécies florestais para formação de povoamentos puros.
c) Utilização de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas. O ponto de
maior importância a ser considerado com relação ao revestimento vegetal de
áreas mineradas é a sobrevivência das plantas nas condições extremamente adversas
do local. A escolha da espécie deve considerar: valor econômico potencial da
espécie; a influência da planta sobre a fertilidade do solo; a utilidade da
planta como abrigo e alimento para fauna; e o efeito estético.
Espécies nativas devem ter preferência sobre as introduzidas. Estas em
geral criam problemas em algum ponto do futuro, como, por exemplo, a
susceptibilidade a doenças ou a insetos, a exclusão de outra vegetação
desejável, inibição do ciclo de nutrientes, susceptibilidade ao fogo, exclusão
da fauna, uso excessivo de água, interrupção e supressão de interação
biológica, etc.
As espécies introduzidas podem contribuir mais significativamente na
procura de objetivos a curto prazo. Algumas espécies de gramíneas introduzidas
são bem adaptadas para produzir uma rápida cobertura protetora para o solo. Se
a produção de lenha é outro objetivo a curto tempo, o eucalipto aparece
insuperável em termos de produção.
As espécies lenhosas usadas em recuperação são predominantemente árvores
nativas. Estas são algumas das mais utilizadas: Mimosa scabrella, Eucalyptus
spp, Tabebuia spp, Inga spp, Pinus spp, Acacia spp, Parapiptadenia rigida,
Peltophorum dubium, Leucaena leucocephala, Balfourodendron riedelianum.
Outras espécies utilizadas: Schinus terebinthifolius, Eugenia uniflora,
Psidium catleianum, Vitex megapotamica, Luehea divaricata e Cupania vernalis.
Quase a totalidade das minas utiliza espécies de gramíneas introduzidas, pois a
falta de sementes, a ausência de conhecimento sobre adequação das espécies e os
problemas de germinação têm desencorajado o uso das gramíneas nativas e,
conseqüentemente, promovido uma dependência de espécies introduzidas. Algumas
espécies de gramíneas úteis para revestimento vegetal de taludes:
Grama Bermuda (Cynodon dactylon [L.] Pers) Grama Forquilha (Paspalum
notatum Fluegg, var. latiflorum) Grama Pensacola (Paspalum notatum Fluegg, var.
saurae Parodi, cv Pensacola) Grama Missioneira (Axonupus compressus [Swartz]
Beauv. var. jesuiticus Araújo) Grama de Jardim (Stenotaphrum secundatum
[Walther] Kuntz) Capim Chorão (Eragrostis curvula [Schrad] Nees) Capim Quiquio
(Pennisetum clandestinum Hochst) Capim Pangola (Digitaria decumbens Stent.)
Capim barba-de-bode (Aristida jubata [Arech] Herter) Capim de Rhodes (Chloris
gayana Kunth) Grama Cinzenta (Paspalum nicorae Parodi)
É preciso considerar a importância das leguminosas lenhosas e herbáceas
na seleção de espécies, em virtude da possibilidade de fixar o nitrogênio da
atmosfera. Um bom exemplo de herbácea nativa que deve ser utilizada é a Schrankia
spp. Exemplos de leguminosas de verão: milheto e mucuna-preta; leguminosas de
inverno: aveia preta e ervilhaca. Grande parte dessas espécies apresenta
elevada produção de biomassa com significativo aporte de folhas ao solo,
proporcionando assim rápida formação de litter,e conseqüentemente intensa
ciclagem de nutrientes.
A fauna deve ser considerada quando se selecionam espécies de plantas
para recuperação. A recuperação não deve somente empenhar-se em estabelecer o
habitat faunístico, mas atrair a fauna para os locais recuperados, com o
propósito de incrementar a diversidade de espécies de plantas.
8.Propagação de espécies
A propagação de espécies refere-se ao crescimento de espécies lenhosas
em um viveiro para plantio posterior em áreas a serem recuperadas. A altura
média das mudas deve ser de 50 cm. Plantam-se mudas maiores quando há
competição grave de gramíneas ou quando pode haver danos por animais ou pelo
próprio homem. A mistura mais usada nos viveiros para preencher os saquinhos é
a seguinte: solo vegetal enriquecido com material como esterco, húmus de
minhoca, serragem, vegetação, vegetação morta e uma camada de terriço da
floresta. Todos os viveiros aplicam nitrogênio, fósforo e potássio à mistura de
solo e alguns adicionam uma mistura de micronutrientes.
9.Plantio
Usa-se em recuperação duas técnicas básicas de cultivo: semeadura ou
plantio de mudas. A escolha do método depende de fatores como a natureza da
área a ser semeada, o tamanho e a capacidade germinativa das sementes e as
características de propagação de espécies individuais. A semeadura pode ser
feita a lanço ou por hidrossemedura. Em vez de enterrar sementes em sulcos, a
semeadura a lanço as deixa exposta na superfície do local, exigindo a colocação
de uma cobertura de solo. A hidrossemeadura é uma técnica mecanizada,
semelhante à semeadura a lanço. O aparelho utilizado consta de um tanque, de
uma bomba, de agulheta e motor. A mistura de sementes, água e fertilizantes
pode ser lançada a uma distância de 60 metros. As vantagens da hidrossemeadura
são: capacidade de cobrir áreas inacessíveis (declives íngremes, por exemplo),
rapidez e economia.
Em geral, é melhor plantar as gramíneas um pouco antes da época chuvosa,
quando se pode contar com a precipitação. Uma cobertura de gramíneas pode
também ser obtida por meios vegetativos, usando placas de grama ou estolões.
Mas são medidas extremamente onerosas.
O plantio de mudas envolve em primeiro lugar a escavação de uma cova, o
espaçamento médio deve ser de aproximadamente 4 x 4 metros. O espaçamento
depende das espécies selecionadas e do uso futuro escolhido do solo. As
plantações de eucalipto têm espaçamento mais fechado, enquanto as árvores
nativas têm espaçamento mais amplo. A prática do plantio de árvores juntamente
com gramíneas é recomendada, uma vez que as gramíneas asseguram uma boa
proteção do solo, enquanto as árvores estão crescendo.
As seguintes medidas devem ser implantadas para assegurar a
sobrevivência e o crescimento da vegetação e melhorar a estética do local
recuperado:
Plantar para enriquecer a diversidade de espécies Desbaste Controlar a
invasão de ervas Erosão Repelir roedores ou outros consumidores de sementes e
plantas na fase de implantação das áreas de recuperação Irrigar o local quando
necessário Corrigir a acidez do local e suplementar suas necessidades com
fertilizantes Cercar a área ameaçada por animais de grande porte Inspecionar as
plantações para evitar o ataque de pragas e tomar as medidas necessárias a cada
caso Proteger a área contra o fogo descontrolado
Após a revegetação com gramíneas e/ou árvores, um segundo plantio é
planejado, em que a mistura e a diversidade de espécies deverão ser aumentadas,
criando-se uma comunidade vegetativa mais permanente. Em áreas recentes de
recuperação deve se evitar o pastoreio, até que a vegetação possa tolerar tal
uso. As técnicas de controle e de incêndios incluem aceiros, remoção de
vegetação de alto risco (particularmente o capim-gordura) e educação ambiental
para os efeitos danosos do fogo. A erosão pode ser controlada fazendo-se uma
escavação manual para restabelecer drenagem adequada, seguida pelo enchimento
do sulco da erosão e seu plantio. As formigas cortadeiras são controladas com
veneno. O controle de ervas daninhas deve ser feito enquanto as mudas das
árvores são muito pequenas, não necessitando mais fazê-lo após o crescimento.
Imagem de Degradação por Atividade Agrícola
Na imagem abaixo você vê a erosão criada pela devastação das matas
ciliares na Floresta Amazônica.
LandSat 7, Brazil, January 2000, bands 4 5 3 + PAN
Copyright dados Eurimage. Copyrigth processamento EngeSat - SatMídia
w.satmidia.com.br - w.engesat.com.br
Urbanização
Em conflito com a obrigatoriedade de preservação da qualidade hídrica de
mananciais, a ocupação urbana promove o crescente desmatamento e a
impermeabilização do solo. O resultado disso se traduz no assoreamento de rios
e córregos com a freqüência ainda maior de cheias e inundações, que atingem
exatamente os estratos mais pobres da população.
As funções ecológicas das áreas verdes urbanas auxiliam na prevenção,
minimização ou reversão da degradação do ambiente. Há duas abordagens para a
recuperação ambiental das cidades.
a.Tratamento de espaços individuais – envolve várias soluções, como
correção dos processos já instalados e tratamento da áreas marginais nas
cidades: estações de tratamento de água ou esgoto, lixões, aterros sanitários,
vazios urbanos, pedreiras abandonadas, favelas.
b.Tratamento geral – organização de um sistema de áreas verdes que
concentre as funções de melhoria da qualidade do meio e a recuperação de áreas
degradadas.
Exemplos de recuperação ambiental
Conforto microclimático Revegetacão de áreas inertes Sombreamento
Controle de poluição atmosférica Barreiras vegetais Controle de poluição sonora
Barreiras vegetais
Regularização hídrica Recuperação de fundo de vales Revegetação de áreas
impermeáveis
Controle de poluição hídrica Recuperação de fundos de vale Revegetação
de áreas impermeáveis
Estabilidade do solo Contenção de encostas Contenção da erosão laminar Controle
da poluição edáfica Revegetação com espécies apropriadas Controle da redução da
biodiversidade Regeneração natural ou induzida da vegetação
Controle de vetores Restauração de habitats de espécies faunísticas
predadoras de vetores
Conforto ambiental nas edificações Revegetação de áreas inertes
Sombreamento
Controle da poluição visual Barreiras vegetais Tratamento paisagístico
Saneamento ambiental Recuperação de áreas de mananciais Revegetação de
áreas impermeáveis
Conservação de energia Sombreamento Produção de biomassa
Etapas da recuperação/revegetação nas encostas urbanas
A ocupação urbana desordenada destas encostas praticamente elimina a
vegetação arbórea existente, provocando significativos impactos. Apresenta como
fator de correção a recuperação florestal, não só pelos seus custos, como
também pelos atributos inerentes a uma floresta.
Construção de aceiros: esta operação constitui em uma capina manual, em
faixa de 3 metros de largura e no entorno de cada área a ser revegetada. O
material capinado é removido e espalhado para o interior da área de plantio, de
modo a deixar completamente limpa a faixa do aceiro.
Roçada manual: para reduzir a vegetação inicial, de modo a facilitar o
coveamento e reduzir a competição inicial das mudas.
Combate às formigas cortadeiras: formicidas macro e micro granulados, na
razão de 10 g/m2.
Coveamento/espaçamento/adubação: covas feitas manualmente com 0,30 x
0,30 x 0,30 m. Espaçamento de 2,0 x 2,0 m. Adubação de 200 g/cova de
superfosfato simples e feita com copos medidas e colocada diretamente nas covas
antes do plantio.
Forma de plantio/replantio: o replantio feito até 120 dias após o
plantio. Manutenção: tratos culturais - conservação de aceiros, controle de
formigas, roçadas manuais e coroamento ao redor das mudas. A manutenção segue
por 3 anos.
A partir daí, o sistema começa a apresentar mecanismos de
auto-sustentação. Deve ser considerado que as leguminosas florestais,
principalmente do gênero Acacia, Albizia, Cassia, Mimosa, Leucaena e Sesbania,
são um sucesso na colonização inicial e conseguem, juntamente com tratos
culturais, acabar com o capim colonião, controlar os processos erosivos e
contribuir efetivamente para a recuperação da função ecossistêmica.
Construção de Barragens
As barragens propiciam a geração de energia hidrelétrica, o fornecimento
de água, a regulagem das cheias e a irrigação. Mas, ao mesmo tempo, podem
causar impactos ambientais em larga escala como a inundação de terras de
plantio, florestas, jazidas minerais, cidades e povoamentos, a destruição do
habitat de animais, plantas e pessoas, afetando as águas subterrâneas, a
qualidade da água do rio, o microclima e a infraestrutura. Qualquer obra de
engenharia altera as condições ambientais. As hidrelétricas, em particular,
agridem os ecossistemas com a construção de obstáculos nos leitos dos rios
(barragens), propiciando a formação de reservatórios. Áreas degradadas
resultantes de obras hidrelétricas, via de regra, são provenientes de
empréstimos para a construção de barragens e obras de apoio ou bota-foras.
Também podem ser consideradas áreas degradadas, as áreas de tráfego pesado,
britagem, estacionamentos, pátios de estocagem, etc.
A revegetação de obras de barragem requer técnicas adequadas, sendo
importante observar a interação positiva entre adubação mineral com adubação
verde, visto que nestas áreas de empréstimo foi removida toda a vegetação e a
camada fértil do solo.
Objetivos da recuperação de áreas atingidas por barragens:
Evitar o carreamento do solo para o reservatório Aumentar a resistência
das margens à erosão pelo embate Conservar a genética das espécies nativas Dar
sustentáculo à fauna terrestre e aquática Formar paisagem Controlar e erradicar
endemias
Etapas da Recuperação
Reafeiçoamento do terreno Proteção dos taludes Terraceamento Circulação
interna Recomposição de solo por cobertura Estudos para a revegetação dos
solos, com a análise das dificuldades ligadas:
Aos solos Ao clima À vegetação circundante Às informações dos organismos
agronômicos locais (problemas locais específicos para a cultura dos vegetais)
Escolha das espécies
As espécies devem ser selecionadas baseadas nas características
florísticas de formações florestais remanescentes dentro da própria microbacia
e também de outras microbacias, mas com características ambientais semelhantes
àquelas da área a ser revegetada.
Algumas espécies arbóreas recomendadas: Acacia meanrsii (acácia-negra),
Acacia trinervis (acácia), Eucalyptus viminalis, Mimosa scabrella (bracatinga).
Algumas espécies rastejantes: Eragrostis curvula (capim chorão), Melinis
minutiflora (capim gordura).
Plantio e condução das mudas Abertura das covas Adubação da terra
retirada com o plantio afetuado após 30 dias Controle das plantas invasoras
Nos dois primeiros anos, faz-se a adubação e o coroamento manual das
mudas, sem retirar a matéria seca para manutenção da umidade e controle de
infestação.
Saneamento e Poluição
A contaminação do ambiente a partir dos poluentes gerados pelo
desenvolvimento industrial e a superpopulação vem sendo considerada, nos últimos
anos, um dos problemas mais críticos e merecedor de estudo, principalmente
quanto à degradação ambiental que provoca vazamentos em ductos e tanques,
falhas no processo industrial, problemas no tratamento de efluentes, disposição
inadequada de resíduos e acidentes no transporte de substâncias químicas. Estas
são as principais causas de contaminação do solo e das águas superficiais e
subterrâneas, com conseqüente degradação das comunidades biológicas envolvidas.
São inúmeras as variáveis envolvidas no processo de recuperação, a
começar pela multiplicidade de produtos químicos e matérias químicas hoje
manipuladas pelas indústrias. Somando-se a isto, cada local poluído tem suas
peculiaridades físicas e biológicas com numerosas variáveis a serem consideradas.
As etapas para o diagnóstico de áreas degradadas por poluição são as
seguintes:
Identificação e caracterização das fontes de poluição Histórico da
contaminação Caracterização dos poluentes Avaliação da extensão da área
contaminada Caracterização regional Caracterização do local contaminado Cálculo
do estoque de poluentes Com base nas características do poluente e do ambiente
contaminado, é possível estabelecer procedimentos básicos de recuperação:
1.Controle das fontes de poluição:
-Reparos nas estruturas avariadas, contenção e recolhimento dos
poluentes (no caso de acidentes) -Substituição do processo industrial
(tecnologias limpas)
-Aumento da eficiência do processo industrial
-Substituição de matérias-primas
-Retenção de efluentes
-Tratamento de efluentes e resíduos: processos químicos, físicos e
biológicos 2.Contenção dos poluentes: -Construção de barreiras físicas em
corpos de água ou solo
-Aplicação de produtos absorventes
3.Recolhimento dos poluentes: -Sucção e bombeamento de contaminantes
líquidos
-Aplicação de produtos adsorventes
-Remoção do solo ou vegetação contaminada 4.Tratamentos convencionais:
-Disposição de resíduos em áreas adequadas
-Incineração de resíduos orgânicos
-Tratamento de efluentes líquidos em biodigestores, lagoas, filtros
5.Isolamento da área contaminada: -Impedir o acesso ao local contaminado
-Confinamento do solo e águas contaminadas por barreiras físicas
-Cobertura do solo para evitar lixiviação ou volatilização do
contaminante
6.Adaptar o uso do local:
-Após o isolamento da área com produtos tóxicos, é possível destina-la a
um uso compatível como estacionamentos ou áreas verdes com acesso restrito.
-Nos casos de contaminação atmosférica, utilizar espécies de plantas
resistentes para a recuperação.
7.Tratamento “in situ”:
Cada caso de contaminação tem suas peculiaridades devido às
características do poluente e do ambiente afetado. As condições em que ocorreu
a poluição também diferenciam cada caso.
Exemplos de Trabalhos de Recuperação de Áreas Degradadas, no Brasil.
Alterações nas características químicas do solo de uma área degradada em
recuperação (MELO, 1994)
O trabalho experimental foi realizado em três ciclos de plantio em áreas
de empréstimo de solo da ITAIPU BINACIONAL, no município de Foz do Iguaçu, Pr.
Nestas áreas foi retirada toda vegetação e a camada superficial do solo,
originalmente classificado como um Latossolo Roxo de textura argilosa (LR). Com
objetivo de recuperar o solo com vistas a posterior reintrodução da flora
regional, reintegrar a área à paisagem dominante da região e promover o
controle dos processos de degradação, foi avaliada a adubação verde com
espécies forrageiras de inverno e verão em associação com níveis de adubação
química (NPK) sobre as características químicas do solo. Concluiu-se que as
espécies forrageiras associadas à adubação química promovem efeitos positivos
na melhoria das características químicas e físicas do solo, e que, aplicadas
medidas de manejo com tecnologia racional, é possível a recuperação destas
áreas drasticamente à utilização produtiva e econômica.
Reflorestamento, com espécies nativas, de áreas degradadas e em
recuperação da ITAIPU BINACIONAL, no município de Foz do Iguaçu, PR (KELLER,
1994).
O presente trabalho teve como objetivo recuperar áreas degradadas por
meio da implantação de espécies florestais nativas, propiciando recuperação e
proteção do solo, além da recomposição da paisagem. Após o preparo do solo
(gradagem, calcareação, adubação química e orgânica), foram introduzidas
aveia-preta (Avena strigosa) e tremoço (Lupinussp) para fazer cobertura do solo
e futura incorporação ao mesmo. Foram utilizadas 16 espécies arbóreas nativas:
açoita-cavalo, angico-guarucaia, angico-vermelho, aroeira-preta,
aroeira-vermelha, figueira, canafístula, guajuvira, ipê-branco, ipê-roxo,
ingá-graúdo, louro-pardo, rabo-de-bugio, sapuvão, tarumã, timburi, sendo
plantadas 150 mudas de cada espécie, com espaçamento 3 x 2 m, numa área de 2
hectares.
Objetivos do Programa Florestal
Como informa o Inventário Florestal, a margem brasileira encontrava-se
com pouca cobertura de florestas nativas. Assim o projeto previu a necessidade
de se criar uma Faixa de Proteção; com 1395 km na margem esquerda, com área de
28.0 ha, e na margem direita com 1.524 km e 3.537,65 ha; foram criados ainda os
Refúgios Biológicos que somam nas duas margens 32.616 ha, que, além dos
benefícios sociais, tem os seguintes objetivos:
Evitar o carreamento do solo para o reservatório; Dar resistência às
margens à erosão pelo embate Conservar a genética das espécies nativas Dar
sustentáculo à fauna terrestre e aquática Formar paisagem Controlar e erradicar
endemias Etapas da Implantação do Programa de Reflorestamento
De 1979 a 1982, foi implantada a Cortina Florestal para demarcar a Área
da Faixa de Proteção. Neste programa foram plantadas 1 milhão de mudas
florestais ao longo dos 1.400 km, com 49 espécies, em grupos de 5 mudas
espaçadas em 8 metros (ITCF/PRODOPAR). Em 1983, foi iniciado o reflorestamento
consorciado através dos agricultores lindeiros às áreas da ITAIPU BINACIONAL.
As mudas produzidas, na maior parte, com espécies nativas, são provenientes de
sementes coletadas na região. Por sua disposição geográfica, a Faixa de
Proteção do Reservatório sofre ações depredadoras, que por suas características
são de difícil controle. Atualmente, em 2005, existem 9.0 hectares de
reflorestamentos com espécies nativas, ao redor do lago de Itaipu
Trabalho de recuperação em áreas de empréstimo da ITAIPU BINACIONAL
(ZELAZOWSKI, 1992)
Os estudos de viabilidade do projeto hidrelétrico, assim como dos
aspectos ambientais, foram iniciados em 1973 pelos consultores do Consórcio
Ítalo-Americano IECO-ELC, através de um relatório especial. Baseado neste
relatório, foi elaborado o Plano Básico de Conservação de Meio Ambiente – IB, em
1975, para a área afetada pelo reservatório. Em 1982, foi aprovado o Plano
Diretor da Área do Reservatório, com 21 projetos visando à atenuação dos
efeitos ambientais negativos, que substituiu o Plano Básico.
Arborização de rodovias - município de Avaré – SP (AOKI, 1994).
A implantação de bosques de essências nativas na Rodovia SP-255, num
trecho de aproximadamente 18 km, no município de Avaré – SP, foi desenvolvido
pelo Instituto Florestal de São Paulo e o DER – Departamento de Estradas e
Rodagem. O projeto visa não apenas a conservação e o embelezamento paisagístico
das faixas de domínio, mas, sobretudo, a conscientização de escolas de 1° e 2°
graus acerca da importância de se preservar o meio ambiente. A partir dos
resultados obtidos, chegou-se às seguintes conclusões: a) o envolvimento
voluntário de proprietários adjacentes às faixas de domínio é fundamental ao
sucesso do projeto; b) o plantio de mudas por escolares em data especial
(semana do meio ambiente e dia da árvore) complementa o programa de educação
ambiental; c) os bosques devem constituir, num futuro próximo, em banco de
sementes para viveiristas e eventuais interessados; d) as espécies mais
promissoras são: guapuruvu, paineira, pau-formigas, pau-ferro, cambará,
canafístula, bracatinga e tipuana
Recuperação de uma área ocupada por voçoroca, através de reflorestamento
misto (DAVIDE et alii, 1994)
Este trabalho foi desenvolvido na região de Lavras/MG e teve como
objetivo a eliminação de uma voçoroca de 0,5 ha e sua revegetação com espécies
arbóreas e exóticas. O terreno foi reafeiçoado, terraceado, subsolado e
sulcado. O espaçamento foi de 3,0 x 1,5 m em sistema de quincônio, com adubação
química e orgânica. As espécies foram plantadas nas seguintes proporções: trema
(50%); acácia-mangium, bracatinga, capinxingui, gravitinga, cássiaverrugosa,
cinamomo, paineira e louro-pardo (40%), ipê-roxo, maçaranduba, óleo-copaíba,
ipê-amarelo, óleobálsamo, e peroba-rosa (10%). A área apresenta-se totalmente
coberta, sem sinais de erosão, mostrando que a metodologia aplicada foi
eficiente para este caso.
Sistema de plantio adensado para a recomposição de áreas degradadas:
nota prévia (Reis et alii, 1994)
No Estado do Rio de Janeiro, um dos maiores problemas na recuperação de
áreas degradadas tem sido a ocorrência de incêndios provocados pela presença de
espécies invasoras de rápido crescimento que queimam no período seco, o que
exige maiores gastos com manutenção. Neste projeto foi empregado o sistema de
plantio adensado de mudas de espécies arbóreas (3 plantas/m²) para promover a
rápida cobertura do solo e inibição do aparecimento de espécies invasoras. As
espécies empregadas foram divididas em 2 grupos ecológicos: pioneiras (70%) e
não pioneiras (30%).
Aplicação de geoprocessamento para escolha de áreas potenciais para
reflorestamento: porção norte do Parque Estadual da Pedra Branca – um exemplo
prático (Costaet alii, 1994)
O presente estudo é uma proposta metodológica para seleção de áreas
potenciais para reflorestamento, levando-se em conta o conjunto de variáveis
geográficas (básicas, naturais e antrópicas) e a sua análise integrada através
de um tipo de Sistema de Informação Geográfica - SIG - desenvolvido e
aprimorado por Xavier da Silva (1992). Tomou-se como área piloto a vertente
norte do Parque Estadual da Pedra branca, localizado no Rio de Janeiro,
considerada a porção mais desmatada e degradada de toda sua extensão. A
aplicabilidade de uma metodologia de geoprocessamento, neste tipo de estudo,
veio propiciar um maior rigor e ordenação na escolha das áreas potenciais,
tomando como referenciais situações ambientais e interações de variáveis. Da
mesma forma, forneceu subsídios analíticos à escolha adequada de técnicas de
reflorestamento e espécimes a serem reintroduzidas nesta unidade de
conservação.
Enriquecimento de florestas secundárias afetadas por poluição em Cubatão
– SP (MENDONÇA et alii, 1994)
Este trabalho teve por objetivo estabelecer uma metodologia para promover
o aumento da biodiversidade de florestas secundárias e verificar se as
condições ambientais (qualidade do ar, solo e microclima) existentes na encosta
da Serra do Mar, em Cubatão (SP) permitem o restabelecimento de espécies
arbóreas pertencentes ao estágio mais avançado de sucessão da Mata Atlântica.
Foram selecionadas 35 espécies secundárias, representativas desta formação
vegetal. Estas plantas foram introduzidas no sub-bosque de capoeiras com idades
aproximadas de 15 anos e altura mínima do dossel de 5 metros. Após um ano de
plantio, verificou-se uma taxa de mortalidade de 8%.
Exemplo de metodologia de revegetalização adotada pela barragem do
“Petit Saut” (LIGNIER, 1994)
A organização hidrelétrica do PETIT SAUT está situada sobre o rio
SINNAMY, no departamento da GUYANA FRANCESA a 50 km de Kourou e aproximadamente
a 100 km de Cayenne.
A criação desta barragem no coração do "pequeno Brasil
francês" necessitou de numerosos aterros para poder criar estradas de
acesso e represas, estas num meio muito acidentado. As largas áreas tratadas e
os taludes que resultaram dessas organizações alertaram rapidamente o
responsável da obra das suas sensibilidades à erosão. As ações de recuperação
na Barragem foram divididas em três etapas:
1.Estudo e preconizações para a revegetação dos solos 2.Realização da
obra 3.Acompanhamento e avaliação da obra
Revegetação do entorno da represa de abastecimento de água do município
de Iracemápolis / SP (RODRIGUESI et alii, 1992)
Como o objetivo principal da revegetação das áreas desapropriadas pela
prefeitura local era impedir o assoreamento da represa de abastecimento e como
se identificou que a origem desses sedimentos era principalmente das áreas de entorno
da represa, decidiu-se priorizar a revegetação das áreas marginais aos
reservatórios da microbacia, para, numa segunda etapa, revegetar a faixa de 30
metros nas margens dos cursos d’água.
A área vegetada era usada historicamente para o plantio de cana-de-açúcar.
Adotou-se como prática do preparo do solo duas gradeações pesadas, que
impediram a rebrota da cana.
Devido à declividade do terreno, previamente ao plantio, foi construído
um terraço de 50 metros de contorno da represa, nas dimensões que se aproximam
da secção de 1 metro quadrado, com largura de canal de 4 metros e profundidade
de 0,5 m. O terraço foi construído com desnível de 2% no sentido da barragem
para o córrego que abastece a represa. A função do terraço era captar qualquer
excesso de água e conduzi-lo para o córrego. O pequeno desnível do terraço
tinha função de promover a infiltração durante o carreamento do excedente da
água para o córrego.
As espécies foram escolhidas baseadas nas características florísticas de
formações florestais remanescentes dentro da própria microbacia e também de
outras microbacias, mas com características ambientais semelhantes àquelas da
área a ser revegetada. Além dessas espécies, foram introduzidas algumas
espécies frutíferas nativas, com intuito de colaborar para a recuperação da
fauna, e algumas espécies exóticas agressivas que foram usadas na faixa mais
externa da área reconstituída, paralelamente à cultura canavieira, para atuar
como faixa tampão, amenizando o impacto das práticas agrícolas sobre a área revegetada.
A espécies escolhidas foram combinadas em módulos de plantio, baseados
nos conceitos de sucessão secundária. Cada módulo continha 9 indivíduos no
espaçamento 4x4m. Cada módulo de plantio apresentava espécies de todos os
grupos sucessionais, numa relação de 6 pioneiras e/ou secundárias iniciais para
1 clímax ou 3 pioneiras e/ou secundárias iniciais para uma secundária tardia.
As covas foram abertas com uma broca perfuratriz, acoplada a tomada de
força de um trator, nas dimensões de 60 x 60 x 100 cm. O espelhamento lateral
da cova causado por este processo foi quebrado com cavadeira manual no momento
do plantio.
A terra retirada das covas recebeu 300 gramas de calcáreo dolomítico e
100 gramas de bagacinho de cana. Essa mistura (terra + calcáreo + bagacinho)
foi novamente jogada na cova e trinta dias depois foi feito o plantio das mudas
abrindo-se uma coveta com cavadeira manual no centro da cova. Todas as ripas
foram estaqueadas logo após o plantio.
Como o espaçamento utilizado foi de 4 x 4 m, foi possível fazer o
controle de plantas invasoras nas entrelinhas usando uma roçadeira acoplada a
um trator. Nos dois primeiros anos, as mudas receberam uma adubação de
cobertura, na proporção de 50 gramas de sulfato de amônia por cova/ano. Nesse
período, foi feito o coroamento manual das mudas, sem retirar a matéria seca,
para manutenção da umidade e controle de infestação.
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